FLOR

O QUE APRENDI COM A LISA EM DOIS DIAS?


     Essa semana a família aumentou. Lisa veio com uma carga de amor enorme, desfazendo muitos nós que estavam se formando nos últimos meses. É tão bom que até os momentos de estresse, como a bagunça que um felino com três meses de idade consegue fazer, acabam sobrepondo-se aos males da rotina diária.

    Gatos têm esse poder, cachorros também. Pássaros, roedores, todo tipo de bichinho de estimação. Agora, eu te pergunto: por que VOCÊ não consegue?

         Esses animais têm uma vida simples, como se fossem crianças o tempo todo. Comem, brincam, fazem as necessidades, cansam e dormem. Às vezes, tomam banho também. Já o homem não, tem mil questões a resolver durante o dia e trás para a noite, fora do horário comercial, todo o peso de algumas horas tumultuadas. E a gata lá, comendo, destruindo coisas e dormindo.

        O ser-humano se organizou em sociedade, uniu forças em prol do desenvolvimento da espécie e, por isso, dominou o mundo. O problema é que esse conceito já se foi há muito, o que restou foi uma grande tribo de sete bilhões de pessoas tentando superar umas às outras. O homem acorda e pensa em como poderia ganhar mais dinheiro para viajar, comer algo especial, realizar um sonho ou ser mais poderoso que um outro homem. Criou-se a ilusão da moeda que tem cada vez menos poder de troca, a geração da ansiedade, do estresse e da depressão está aí no cano de escapamento de um máquina montada com o motor errado.

        A única moeda que a Lisa possui para ganhar ração, água, diversão, petiscos e uma boa caminha é o carinho e a fofura que ela despeja para nós aqui em casa a todo minuto. Ela esbanja, não economiza, é gastadeira. E o homem, achando que terá acesso mais facilitado aos seus prazeres, bota o dinheiro antes de tudo, contradizendo-se quando elimina o próprio bem-estar em prol da geração de bens. O homem, o animal com maior capacidade de gerar prazer para si, consegue jogar todo esse poder no lixo ao olhar para o lado errado.

      A gente precisa ser mais leve, como um gato. Não dar a menor bola para quem grita conosco, para quem não faz o que deveria ser feito, para quem tenta tirar o nosso prazer diário. Temos que distribuir mais amor, a fim de levantar um bom montante e transformar todo esse saldo afetivo em prazeres para os oitenta e tantos anos que temos para viver.

       Ainda não consigo, mas a Lisa há de me ensinar a agir como um bom felino. Amor está valendo mais do que dólar.

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