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Aí você chega do trabalho, tira
os sapatos, pega uma xícara de café e joga leite por cima, açúcar (sacarina,
sucralose, stévia), alguns biscoitos, e senta na cadeira mais aconchegante que
tem em casa. Eu, particularmente, adoro abrir um site de humor para tentar
tirar dos ombros toda essa energia pesada que a rua me derrama.
Até
aí, tudo bem. Abro o Twitter, – sim, eu ainda uso e recomendo algumas doses de hora em
hora – dou mais boas risadas, até com os assuntos mais sérios. O máximo de
seriedade que consigo lá é quando aparece alguma campanha de #SAVEALGUMACOISA
ou #PRAYFORALGUMPAÍS, de resto, é uma rede desprendida de preocupações.
Parto,
então, para o lugar por onde um terço do mundo passa várias vezes por dia: o
Facebook. É aí que a coisa complica. O Facebook é complexo, cheio de
ferramentas, completo. Os vídeos rodam automaticamente, as imagens tropeçam
enormes pela timeline, os links...
meu Deus, os links! Como o Twitter, o Facebook é rápido e é aí que mora o
perigo.
A
velocidade com que as coisas surgem ao rolar a página misturada com a incrível
capacidade de agregar informações das mais variadas o transformam no veneno
mais nocivo já criado no século 21. A corda bamba em que a rede de Zuckerberg
se equilibra é o limite entre o meme e a notícia. Lá em cima, cambaleando, a
postagem se desiquilibra para um lado e olha a “zoeira” lá embaixo e se força
para o outro lado para não cair nela. Sem saber controlar a força, desiquilibra
para o outro lado e vê as palavras do jornalista. Por fim, não sabe exatamente
o que tem que mostrar ao espectador e lança um tipo estranho de informação, nada
é exato, tanto ao entretenimento, quanto ao conhecimento.
Essa
quimera com cabeças incompatíveis é o que se vê todos os dias, gente compartilhando meias informações e absorvendo meio conhecimento.
Para completar, há, também, posts do tipo: OLHA O ABSURDO QUE ESSA PESSOA QUE PENSA DIFERENTE DE VOCÊ FEZ! ATÉ QUANDO? CLIQUE E VEJA.
Para completar, há, também, posts do tipo: OLHA O ABSURDO QUE ESSA PESSOA QUE PENSA DIFERENTE DE VOCÊ FEZ! ATÉ QUANDO? CLIQUE E VEJA.
Então, depois de um dia cansativo, toda a paz que você idealizou se transforma em
fúria, você quer falar, quer repostar, quer criticar. Às vezes fala, reposta ou
critica, às vezes só alimenta a revolta dentro de si, mesmo assim, à exaustão.
E a reviravolta nessa história toda acontece um, dois, sete dias depois, quando
você descobre que a pessoa que pensa diferente de você NUNCA DISSE AQUILO. A
culpa é sua por ter acreditado em uma notícia falsa? Será que essa maldita rede
social que ninguém consegue se livrar não lhe induz ao erro, constantemente?
Não! A culpa é sua, mesmo. E não estou me isentando de culpa, eu gosto de
acreditar que aquela pessoa que pensa diferente de mim errou miseravelmente.
Mas, vamos olhar de uma distância maior, double check. Quem
começou a falar disso que me enfureceu? Quem criou o conteúdo inverídico
dificilmente errou, este criou o erro, plantou a sementinha em sua bolha
social. A bolha estourou, o vento levou a inverdade como viral e nós
acreditamos. Nesse momento já era tarde, a energia da revolta já tinha sido
gasta acreditando no que queríamos acreditar e o máximo que podemos dizer um,
dois, sete dias depois, quando a verdade vem à tona, é: Ah! Mas não duvido que
ele (a pessoa que você “odeia”) pense assim mesmo.
O cara que criou a notícia falsa vai continuar criando outras, isento de culpa.
No fim disso tudo, você escolheu o absurdo errado para se zangar. E o pior de tudo, desperdiçou um tempo precioso, irretratavelmente.


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