A SUA INFLUÊNCIA NA VIDA DAS PESSOAS: VILÃO OU HERÓI?

      Conversei, hoje, com um amigo sobre como a mínima influência das pessoas no seu humor pode salvar ou estragar um dia que já parecia estar resolvido, para o bem ou para o mal. Enquanto ele contava que tivera um grande dia de trabalho, com ótimos ganhos, um único comentário da chefia, uma única crítica - aliás, desnecessária desta vez - fez com que voltasse para casa sem grandes alegrias.

         Lembrei de duas situações recentes:

         A primeira foi quando, sonolento, irritadiço e cansado, um colega de trabalho passou sete horas treinando um grupo de pessoas com todo tipo de estresse causado por relações profissionais. Ao fim do dia, louco para descansar, uma das pessoas que recebeu o treinamento o chamou em um canto e disse: 

- Esta foi a melhor aula nesta área que eu já tive!

         Pronto, uma frase de dois segundos salvou, não só o dia, mas a semana dele.

      Outra foi a tese de mestrado de Rute Ramos, pelo ISPA - Instituto Universitário de Portugal. Em dado momento, a autora fala sobre pequenas influências na vida das adolescentes, como os fatores socioculturais, que servem como gatilho para ativar uma depressão que estava dormindo em seu organismo. Questões enraizadas no inconsciente de todos poderiam despertar patologias que nem o afetado poderia imaginar ter.

           Em ambos os casos, uma pessoa, um grupo de pessoas ou uma comunidade, foram decisivos para melhorar a saúde mental de alguém ou derruba-la. O pior de tudo é que, na maioria das vezes, ninguém sabe que tem uma influência tão importante. Apenas agimos, definimos objetivos para agora, para daqui a uma hora, para o ano e um objetivo vital. Nossas ações, por vezes, dependem de outras pessoas e a maneira que as incluímos pode dar resultados bons ou ruins para ambos os lados. Ter vantagens baseando-se nas desvantagens dos outros nunca será algo bom, e voltará. Não no sentido espiritualista da coisa. É uma questão meramente objetiva, ninguém vive sozinho nesta sociedade, por mais solitário que seja. Como cada pessoa tem sua função social, quanto melhor sejam os resultados do outro, melhor será a reação em sua própria vida.

          Mesmo quando não parece existir interdependência com terceiros, um sinal positivo, um elogio, uma boa-ação, causa uma reviravolta nos sentimentos do receptor que pode ser incomensurável. Você não sabe o que o outro passou, se vai interagir com este, que seja para o bem. Antes de criticar, xingar, baixar o ânimo de alguém, analise os fatos, verifique a veracidade destes e a necessidade de falar aquilo. Veja se essa pessoa não tem um bom banco de pontos positivos com você e espere este banco zerar antes de tomar uma atitude que pode ser catastrófica. A faca permanece intacta, mas a facada machuca muito. Às vezes, o impacto é irreversível.

          Por via das dúvidas, elogie, elogie e elogie. Diga que ama, enalteça as qualidades, espalhe coisas boas sobre alguém sem pensar em nada em troca. Aos desconhecidos, agradeça por qualquer coisinha que tenha feito por você, obrigado a fazer ou não, e com a maior ênfase possível. Você não sabe como é forte, então, use esta força para o bem.

Estudo de Rute Ramos: http://repositorio.ispa.pt/bitstream/10400.12/3692/1/21723.pdf.