FLOR

É NECESSÁRIO FALAR SOBRE A CORAG

[Texto originalmente postado no extinto blog Gnomo Suco]
Segundo a Constituição Federal brasileira, é competência do Estado combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização.



Desde que comecei a escrever para o Gnomo Suco, procuro tratar de assuntos leves, histórias que ajudam a dar uma relaxada no meio de tanta coisa ruim que a gente lê por aí. Mas, senti vontade de externar a minha visão sobre a CORAG, que está passando por um momento turbulento.

Imagem: Facebook / ASCORAG.


A Companhia Riograndense de Artes Gráficas, basicamente, realiza atividades ligadas à indústria gráfica, como descrito muito bem no blog Prós e Contras, do meu ex-colega Marcelo Dillemburg. Mas a sua principal função é fazer a edição, impressão e distribuição do Diário Oficial do Estado do Rio Grande do Sul.

Resumindo o atual cenário, há alguns anos há uma movimentação para a extinção desta e de outras empresas do Estado, atingindo seu auge no fim de 2016. Não quero discutir assuntos políticos por dois motivos: não sou o que se pode chamar de "alguém que entende muito de política"; e posso extrair o que há de bom do assunto.
 
O que entendo por CORAG

Foto: ShutterStock.
Quando entrei, em 2014, fui muito bem recebido, acabei fazendo amigos para uma vida e dei um salto gigante na minha carreira profissional. Como em toda empresa, há muita coisa que precisa ser melhorada, mas é um dos melhores lugares em que já trabalhei.
Uma coisa que me chamou muita atenção foi o enorme compromisso social que a empresa tem. Não é exagero, uma empresa de médio porte (possui cerca de 200 funcionários) envolvida com tantos projetos sociais não é algo que se vê todos os dias.

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Reprodução: CORAG.




Para exemplificar a importância destes projetos para a sociedade, antes de me despedir da Companhia, realizei duas "entrevistas" com pessoas que, hoje, são fundamentais para o bom andamento dos trabalhos. Coloco aspas na palavra "entrevistas" pois não sou jornalista, nem almejo tal profissão. Não serão citados os nomes para que não haja nenhum tipo de constrangimento.
Uma das colaboradoras entrou na CORAG quando uma assistente social informou que havia vaga no restaurante da empresa através do convênio com a SUSEPE. Dois anos depois, ao adquirir liberdade condicional, foi recontratada através do convênio com a FAESP.
Ela conta que melhorou muito seu temperamento, aprendendo a lidar com pessoas e criar relações. A colaboradora gosta muito de trabalhar na empresa, sente-se agregada, pois não há o preconceito que haveria em outros lugares. Hoje, ela já pode planejar a compra de uma casa para viver com seu marido e sua enteada.

Atualmente, a segunda entrevistada está contratada em empresa de prestação de serviços de restaurante. Muito emocionada, relata que sua vida estava desestruturada, sem expectativas, não sabia que rumo tomar. Também entrou pelo convênio com a SUSEPE, mudando para a FAESP após a condicional.
Ela enxerga na CORAG um futuro, um alicerce para famílias de muitas pessoas na mesma situação em que ela se encontrava. "Pretendo formar-me em Nutrição e continuar na carreira", planeja a colaboradora, que já conquistou sua casa própria e recuperou tudo que havia perdido ao ser detida.

Qual a realidade da maioria dos ex-presidiários no Brasil? Boa parte volta para o mundo do crime por não encontrar oportunidades por questões de preconceito, idade, formação, etc. Nestes casos, e em diversos outros, a CORAG ajudou estas pessoas a recuperarem sua dignidade. Se foi bem aproveitado ou não, é apenas uma questão pessoal, pois as portas estavam abertas.
Outros projetos como o Pescar e o Concurso Literário ajudam crianças e adolescentes em situações precárias a terem algum tipo de perspectiva, não ficando a mercê da criminalidade.

O convênio com a FENEIS ajuda pessoas com deficiência auditiva a encontrarem uma profissão, sem preconceitos ou pré-julgamentos.
A lei previdenciária obriga a CORAG a contratar em número igual a 3% do seu quadro de funcionários (cerca de 7 pessoas) portadores de deficiência. Antes mesmo da exigência constitucional de abrir concursos públicos para novas contratações ou das leis de cotas para concursos públicos, o número de portadores de deficiência como funcionários já era maior que isto, sendo muito elevado após firmado este convênio.

Independente de sua obrigação como empresa pública e como gráfica, a CORAG desempenha importante papel como estatal, já que o Estado deve promover a integração social dos cidadãos mais desfavorecidos. E dá pra se dizer que ela cumpre essa função com louvor.

Vale ressaltar que as opiniões levantadas neste texto são minhas. Como disse anteriormente, não tenho mais nenhum tipo de vínculo com a Companhia.

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